sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Hiato



Figurativamente, diz-se de falha, lacuna, e estes são termos bastante adequados para sintetizar o tempo (em duas ocasiões) que passei afastado das minhas atividades literárias, o “hiato” que durou longos seis meses.

Por mais que eu queira me doar com o intuito de recuperar o que ficou para trás, a verdade é que não é possível preencher uma lacuna do passado, não há mágica para materializar, de uma só vez, todas as coisas maravilhosas que deveriam ter se concretizado e que acabaram ficando suspensas, como névoas persistentes que não se dissiparam e continuaram presentes mesmo em meus momentos mais sombrios. Não há atalho para refazer o caminho...

Quando finalmente entendemos isso, ou melhor, quando aceitamos que não existe atalho para voltar e consertar todas as coisas que dependiam de nós, o único caminho aceitável é olhar para frente e replanejar os projetos para que, da melhor forma possível, possamos realizar no futuro tudo o que ficou pendente sem, contudo, atrapalhar o que faz parte do presente.

Nem sempre a prática reflete o que é tão claro na teoria...

Os motivos que me levaram ao hiato foram muitos, alguns alheios à minha vontade, foram até mais vilões que aqueles relacionados à saúde, no entanto, a soma de todos eles resultou em um prejuízo emocional irrecuperável, e, a despeito de trabalhar com afinco em cada replanejamento necessário para retomar as atividades, a quebra do resplandecente espírito de outrora está evidente em cada novo resultado.

Talvez eu esteja diante de uma grande revelação; permito-me até mesmo a pensar que essa tortuosa rota que precisei trilhar tenha sido providencial para que, neste exato momento, eu entenda que não há energia inesgotável para minhas produções literárias, mas tampouco a energia que falta pode ser suprida a partir de fontes diversas da existente em meu coração.

Saudações literárias!
Roberto Laaf
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