quarta-feira, 5 de maio de 2010

Processo criativo

O texto a seguir foi recentemente compartilhado com os leitores e seguidores dos blogues da Lela e Sueli Aduan. No entanto, como se trata de algo bem pertinente à minha proposta aqui, resolvi compartilhá-lo com meus próprios leitores e seguidores.

Acho fundamental que um escritor saiba dar contornos às suas inspirações para que possa conduzir de forma coerente, até o leitor, aquilo que deseja expressar, seja por meio de longas narrativas novelísticas, contos curtos ou somente na beleza de contundentes poemas. Nem sempre as inspirações são transformadas em ótimos trabalhos literários, isso, em minha opinião, depende não somente da capacidade do autor em si, mas, também, de seu momento emocional quando se lança ao trabalho.

Comigo, a inspiração ocorre basicamente de forma espontânea, mas já aprendi a estimular meu interior para que ela venha à tona quando preciso, em uma espécie de evocação de informações que se combinam a sentimentos, muitas vezes, armazenados em locais de difícil acesso em minha alma. A partir daí, a mente fervilha de ideias que precisam fluir e são jorradas com a força de uma represa que acaba de ruir, inundando, seja o papel, seja o gravador eletrônico, com todas aquelas frases, palavras e descrições de imagens que vão se atropelando à medida que são formadas dentro da cabeça.

Uma vez que tudo esteja diante de mim, para que eu possa trabalhar a “argamassa da escultura” e combinar as “tintas da pintura”, começo a, como costumam dizer, lapidar meu carvão literário em forma de textos até transformá-lo em um possível diamante.

Daí para frente ainda entram outros processos: revisão, análise, copidesque, leitura crítica, enfim, várias etapas até chegar ao final, mas a essência da transformação ocorre mesmo é nos primeiros momentos após a inspiração, e não durante a própria.

No que diz respeito aos romances longos, uso uma metodologia de construção que sempre me pareceu confortável, que é a de montar o “esqueleto” da obra que pretendo propor. Entro no processo criativo e vou imaginando os momentos fortes da narrativa, praticamente separando-os como tópicos de cada capítulo, até que eu tenha toda uma linha-base, digamos assim, do livro que surgirá. É claro, e já pude comprovar isso em todos os livros que escrevi, que de forma alguma esse esqueleto se transforma em minúsculos grilhões que me aprisionem à ideia inicial, porque é natural que as histórias evoluam, ganhem vida e implorem por mudanças que são rapidamente inseridas e então o esqueleto é ajustado.

Atualmente não consigo imaginar outra forma de trabalhar os romances longos. Sinto-me tão seguro com essa metodologia que, no primeiro volume da trilogia Horizontes, cheguei a escrever os dois capítulos finais do livro antes mesmo de escrever seu prólogo. Depois segui o esqueleto, claro, com um ajuste aqui e outro ali, fazendo o encaixe necessário quando cheguei aos últimos capítulos.

Saudações literárias!
Roberto Laaf

Um comentário:

  1. Cada vez que leio um texto teu fazendo referência aos livros que escreve, a minha curiosidade sobe a níveis assustadores.
    Estou quase me rendendo à leitura no PC.
    Estás me desvirtuando! rs

    ResponderExcluir

Site Meter