segunda-feira, 10 de maio de 2010

Amor impossível

Viver com a impossibilidade de se realizar um amor é como caminhar solitário pelo deserto, ansiando com angústia a água que saciará nossa sede, entrementes, sem a menor esperança de encontrá-la. E, esta busca, na maioria das vezes, parece-nos inglória.

Imaginar o quão doloroso pode se tornar tal experiência leva-me a questionar a capacidade de suportá-la evitando que nos deixe profundas marcas na alma. Mas, apesar de todo o sofrimento causado por essa dor, penso que só haverá verdadeiro respeito pelo amor dentro do coração se o mantivermos batendo forte e incansável.

Eu disse que a busca “parece” inglória, porque acredito que por mais difícil, improvável e irrealizável que um amor possa parecer, enquanto vivermos, ele será potencialmente viável.

Não importa a quantidade de obstáculos no caminho, sempre existirão atalhos; não importa que pessoas se manifestem contra, pois a força de um amor genuíno é capaz de superar multidões; e, mesmo quando a própria pessoa amada é contra, não imagino satisfação maior do que aquela que será sentida quando chegar o dia de sua redenção.

Pode ser que não se viva o amor plenamente, com os anseios que consomem quem ama, a cada sonho de ter a pessoa amada mais próxima de si, mas, de certa forma, em porções incompletas, já o estaríamos vivendo a cada manhã, a cada suspiro e em cada eco do coração. E, por mais paradoxal que seja esse amor, ele não poderia estar mais protegido fora dessa absurda circunstância.

E, assim, protegido, que ele seja semente que se renova a cada dia na difícil caminhada longe da pessoa amada, e nunca, jamais, a dose de veneno que nos definharia e roubaria para sempre: o coração, a alma e a vida.

Roberto Laaf

3 comentários:

  1. O texto é de uma sensibilidade tocante...Realmente, vivenciar um amor impossível, embora aparentemente não possível, é amor na sua essência e,quando ocorre a redenção da pessoa amada,é amor inteiro...

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  2. Que cálida mensagem!
    É reconfortante poder usufruir de uma leitura tão doce e, ao mesmo tempo, tão forte.
    Lerei várias vezes ao dia, todos os dias, para lembrar-me de que ainda existem pessoas cujas palavras são capazes nos fazer mover. (Mesmo quando o desejo é desistir).
    LINDO DEMAIS
    Abraços,
    I.

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