terça-feira, 16 de março de 2010

Jornada

Quando uma jornada se torna demasiadamente longa, é possível que os objetivos originais se percam durante a caminhada. A trajetória, outrora planejada com tanto entusiasmo, já não recebe sequer a sombra da linha que está sendo traçada.

Em algum momento, por conta de motivos diversos, comecei a questionar se as coisas que estão acontecendo ao meu redor são realmente aquelas que deveriam preencher meus dias, e, ainda mais importante, se condizem com meu plano original de vida; se a linha que estou traçando sobrepõe, de fato, a da trajetória planejada.

Os questionamentos resultaram em surpreendentes revelações que, não apontaram apenas o quanto os objetivos estavam distorcidos, deixaram claro que a rota estava incorreta há tempos.

Por isso, este ano de 2010 precisa ser, para mim, um ano de morte e renascimento: morte de tudo aquilo que já não faz mais sentido, de todas aquelas coisas que não podem mais afetar positivamente minha existência ou mesmo causar-lhe os efeitos esperados; renascimento, para redescobrir o prazer de ser e escrever, e, para isso, este renascimento precisa ser completo, focado em tudo aquilo que realmente traga sentido de mudança.

Quando digo que o renascimento precisa ser completo, estou, mesmo, querendo dizer em todos os sentidos, com todos os elementos que fazem parte da minha jornada. Embora os inter-relacionamentos possam não ser exatamente claros, há, sem sombra de dúvida, uma interferência constante tanto no processo criativo quanto no tempo dedicado ao teclado para a criação de meus trabalhos literários.

No que diz respeito à literatura propriamente dita, será necessário selecionar os projetos que tenham verdadeira importância e descartar todos aqueles que, em razão da indisponibilidade de tempo para viabilizá-los, apenas contribuem para ampliar minha ansiedade, angústia e sensação de incapacidade diante do todo.

Em minha jornada, agora estou no acostamento, olhando a longa estrada que deixei para trás e refletindo sobre os trechos percorridos, sobretudo, questionando o quanto de mim ainda resta para seguir adiante, mas com propósito, e não apenas como um autômato que já não se dá conta da infertilidade das próprias causas.

Esse período de “acostamento” requer algo mais que apenas tempo de afastamento para pensar, requer reflexões profundas e também o minucioso exame de cada detalhe que me cause real incômodo ou apenas estranheza.

E, foi esse, então, o principal motivo para eu ter colocado a palavra “AFASTADO” em todos os canais virtuais dos quais faço parte. Precisei de algum tempo para entender, ou melhor, descobrir, não somente se a jornada deveria continuar, mas também como e em que termos isso deverá ocorrer daqui por diante.

Queridos amigos e leitores, lamento ter ficado ausente por algum tempo, mas isso foi realmente necessário. Aos poucos irei retirar os avisos de afastado e logo, logo estarei interagindo como antes.

Saudações!


Um comentário:

  1. Estas paradas no acostamento da vida não são fáceis ou simples. Apenas necessárias e, mesmo assim, muitas vezes nos esquivamos de fazê-las, pois o resultado decorrente das reflexões nem sempre é o desejado. Redirecionar o leme exige atitudes que não queremos tomar e, vamos flutuando, sem nos dar conta que estamos à deriva. Às vezes, gostaria de deixar o barco largado para ver em que praia aportaria.
    Bjs,
    I

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