sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Hiato



Figurativamente, diz-se de falha, lacuna, e estes são termos bastante adequados para sintetizar o tempo (em duas ocasiões) que passei afastado das minhas atividades literárias, o “hiato” que durou longos seis meses.

Por mais que eu queira me doar com o intuito de recuperar o que ficou para trás, a verdade é que não é possível preencher uma lacuna do passado, não há mágica para materializar, de uma só vez, todas as coisas maravilhosas que deveriam ter se concretizado e que acabaram ficando suspensas, como névoas persistentes que não se dissiparam e continuaram presentes mesmo em meus momentos mais sombrios. Não há atalho para refazer o caminho...

Quando finalmente entendemos isso, ou melhor, quando aceitamos que não existe atalho para voltar e consertar todas as coisas que dependiam de nós, o único caminho aceitável é olhar para frente e replanejar os projetos para que, da melhor forma possível, possamos realizar no futuro tudo o que ficou pendente sem, contudo, atrapalhar o que faz parte do presente.

Nem sempre a prática reflete o que é tão claro na teoria...

Os motivos que me levaram ao hiato foram muitos, alguns alheios à minha vontade, foram até mais vilões que aqueles relacionados à saúde, no entanto, a soma de todos eles resultou em um prejuízo emocional irrecuperável, e, a despeito de trabalhar com afinco em cada replanejamento necessário para retomar as atividades, a quebra do resplandecente espírito de outrora está evidente em cada novo resultado.

Talvez eu esteja diante de uma grande revelação; permito-me até mesmo a pensar que essa tortuosa rota que precisei trilhar tenha sido providencial para que, neste exato momento, eu entenda que não há energia inesgotável para minhas produções literárias, mas tampouco a energia que falta pode ser suprida a partir de fontes diversas da existente em meu coração.

Saudações literárias!
Roberto Laaf

terça-feira, 9 de julho de 2013

A festa do luto


Aqueles que me conhecem mais de perto sabem o quanto esta semana pesa em meu coração, e, que, por razões óbvias, prefiro ficar em silêncio e guardar certo luto ano após ano. Alguns simplesmente não conseguem respeitar isso, mas sei que não é por mal, sei que querem me ver bem, ver-me “feliz”, mas entendam que isso jamais será possível nesta semana, em qualquer que seja o ano. 

ONTEM foi aniversário de morte da minha mãe-querida, que cuidou de mim de forma carinhosa e cheia de entrega para que nada me faltasse durante a infância e adolescência; sei, cada vez mais, o quanto isto foi desafiadoramente difícil, e sempre serei grato a ela pelas “outras oportunidades” que a vida tinha a oferecer e que ela soube me fazer enxergar.
 
HOJE é aniversário de morte do meu pai, que somente em seus últimos meses de vida tive a oportunidade de estar tão perto de seu coração, em viver como pai e filho, ainda que na hora da dor, e por um breve período de tempo. 

AMANHÃ é um dia como outro qualquer, acreditem ou não (e gostaria muito que todos acreditassem), é um dia que passei a odiar por ter de ouvir “parabéns” ou “felicidades”.

Costumo ouvir que quando perdemos pessoas que amamos, elas também levam um pouco de nós ao partir, mas isto não é totalmente verdade; a verdade é que elas continuam levando um pouco de nós a cada momento que lembramos a perda, quando em cada lembrança pesamos as vezes que nós fomos ingratos ou, ainda, quando identificamos as oportunidades que perdemos ao lado dessas pessoas especiais por questões tão pequenas e egoístas.

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terça-feira, 2 de abril de 2013

Via Sombra


À sombra,
Espero por seu chamado
Sentir seu toque suave
O frescor de seu doce hálito

À sombra,
Vejo um mundo já finado
Folhas secas pela nave
Fragmentos do meu espírito

Além da sombra,
Espera-me a redenção
Liberdade de toda culpa
Leito para repousar

Além da sombra,
Vejo o fim da sofreguidão
Ocaso da vida oculta
Luz para recomeçar

Roberto Laaf
 
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