Figurativamente, diz-se de falha, lacuna, e estes
são termos bastante adequados para sintetizar o tempo (em duas ocasiões) que
passei afastado das minhas atividades literárias, o “hiato” que durou longos seis
meses.
Por mais que eu queira me doar com o intuito de
recuperar o que ficou para trás, a verdade é que não é possível preencher uma
lacuna do passado, não há mágica para materializar, de uma só vez, todas as
coisas maravilhosas que deveriam ter se concretizado e que acabaram ficando
suspensas, como névoas persistentes que não se dissiparam e continuaram
presentes mesmo em meus momentos mais sombrios. Não há atalho para refazer o
caminho...
Quando finalmente entendemos isso, ou melhor,
quando aceitamos que não existe atalho para voltar e consertar todas as coisas
que dependiam de nós, o único caminho aceitável é olhar para frente e
replanejar os projetos para que, da melhor forma possível, possamos realizar no
futuro tudo o que ficou pendente sem, contudo, atrapalhar o que faz parte do
presente.
Nem sempre a prática reflete o que é tão claro na
teoria...
Os motivos que me levaram ao hiato foram muitos,
alguns alheios à minha vontade, foram até mais vilões que aqueles relacionados à
saúde, no entanto, a soma de todos eles resultou em um prejuízo emocional
irrecuperável, e, a despeito de trabalhar com afinco em cada replanejamento
necessário para retomar as atividades, a quebra do resplandecente espírito de
outrora está evidente em cada novo resultado.
Talvez eu esteja diante de uma grande revelação; permito-me
até mesmo a pensar que essa tortuosa rota que precisei trilhar tenha sido
providencial para que, neste exato momento, eu entenda que não há energia
inesgotável para minhas produções literárias, mas tampouco a energia que falta
pode ser suprida a partir de fontes diversas da existente em meu coração.
Saudações literárias!
Roberto Laaf