Gostaria de comentar sobre o comportamento das pessoas, mais especificamente dos novos autores, diante das resenhas e críticas que recebem sobre seus livros. Tenho acompanhado com certa tristeza o quão afoitos alguns desses novos autores se entregam a verdadeiras cruzadas para defender seus trabalhos, ora contestando as críticas, ora acreditando-se o pivô de uma conspiração para destruir sua carreira literária, enfim, deixam temporariamente de lado sua natureza criativa para gastar tempo num entrevero sem fim.
Por que eu digo que há certa tristeza nisso? Bem, em primeiro lugar, porque são atitudes que denigrem a imagem dos novos autores nacionais, não condizem com a postura elegante de aceitar as críticas sem fazer estardalhaço, sempre por conta de achá-las agressivas ou com eufemismos insuficientes que pudessem atenuar as impressões desagradáveis nelas contidas; depois, porque atitudes assim acabam minando não só a cordialidade dos leitores, mas também sua paciência.
Sinceramente, acredito não haver nada melhor do que uma boa crítica sobre os trabalhos literários que um autor desenvolve. Seja um conto, romance, crônica ou poesia, o fato de um autor ter acesso às impressões de seus leitores deveria ser a melhor de todas as recompensas que poderiam esperar por seus trabalhos; identificar as reações e emoções dos leitores em cada resenha é um prazer incrível.
Obviamente, não é agradável encontrar críticas ou resenhas com ofensas, impropérios e até mesmo esforço por parte de um leitor com o claro objetivo de atingir tão somente seu autor, em vez de contribuir de forma sensata para a opinião geral sobre o trabalho que leu. Mas nem mesmo diante disso, e independentemente da motivação que tenha levado o leitor a tal extremo, o autor deveria perder seu foco na literatura.
Críticas surgem de várias formas e por motivações diversas. Elas podem surgir a partir do desejo sincero de orientar os próximos leitores, de dar um parecer honesto sobre a leitura feita, ou até mesmo de colaborar com o aprimoramento do autor, e, para isso, cada leitor encontrará seu caminho, de acordo com sua capacidade de se expressar.
Ao autor, cabe “digerir” cada crítica ou resenha, procurando separar com sabedoria tudo aquilo que pode contribuir com seu aprimoramento daquilo que é apenas ruído e não merece consideração. Sim, pode haver situações em que uma resenha, ou parte dela, não contribua para o aprimoramento de seu trabalho. Neste caso, ela deve ser deixada em paz.
A postura de um autor diante da crítica, em minha opinião, é algo importantíssimo em seu relacionamento com os leitores. Costumo dizer aos meus amigos que não importa como a crítica venha, acredito que devemos estar preparados para receber tanto as flores quanto as pedras, sempre abstraindo o que de melhor houver em cada uma.
Quando alguém faz uma crítica dura demais, repleta de impropérios, denunciando o desejo exacerbado de ofender o autor, ainda assim é possível extrair algo que possa ser usado como elemento modificador para um trabalho futuro. E, é neste ponto, somente neste ponto, que o autor deve deter-se.
Lamuriar-se porque uma crítica foi dura demais, independentemente de ter sido construída de forma elegante ou vulgar, não acrescentará em nada para o aprimoramento do trabalho literário do autor.
Eu acredito que o tempo precisa ser constantemente otimizado, já o sentimos tão curto ultimamente, tão insuficiente... Penso que ele precisa ser usado pelo autor na dedicação aos seus projetos literários, amigos e família.
Para encerrar, faço questão de deixar claro que a maioria das colocações que fiz neste texto são percepções de uma vida mais saudável e produtiva para o autor; elas constituem apenas o meu ponto de vista sobre o tema, não devendo, portanto, ser consideradas um conjunto de regras sobre a postura ideal diante das críticas. Cada autor deve buscar o que é melhor para si, seja por meio de suas próprias experiências ou no espelhamento em outros autores que lhe inspirem confiança suficiente para ser considerado um modelo a seguir.
Saudações literárias!